Com seus contratos recém estendidos até junho de 2022 — o último prazo para as cinco renovações legais — as agências DPZ&T e Propeg assistiram ao longo dos anos a verba de publicidade da Petrobras cair vertiginosamente.
Com a previsão inicial de R$ 550 milhões por dois anos e meio, o que daria uma verba anual de R$ 220 milhões, as duas acabaram se deparando, em 2020, com um investimento em comunicação de apenas R$ 72,8 milhões da estatal.
DPZ&T e Propeg entraram na conta em 2017. A concorrência teve seus resultados, da fase técnica, dados em primeira mão pela Janela em fevereiro de 2017, mas os contratos só foram assinados em 31/07/2017.
Antes, a Petrobras era atendida pelas agências Heads, NBS e FCB, contratadas em 2014, para uma verba anual estimada em R$ 110 milhões para cada uma, ou seja R$ 330 milhões por ano no total.
As duas primeiras ficaram atendendo até 2017, enquanto a FCB saiu em 2016. Na época, especulava-se que a razão era a agência sido citada na Lava-Jato. Oficialmente, porém, a dispensa deveu-se a Aldemir Bendine, presidente da petroleira, ter anunciado uma redução de 30% na verba de propaganda. Como a FCB havia sido a terceira colocada na disputa, o corte na verba justificou o corte da agência.
De qualquer modo, nem mesmo os R$ 330 milhões de 2015 chegaram a ser utilizados, como vemos nos números que constam da página de transparência da Petrobras.
Petrobras – Publicidade por Meios |
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2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | |
TV aberta | 161.529.887,25 | 79.759.127,96 | 59.266.096,44 | 64.343.724,16 | 48.808.869,97 | 52.655.327,61 |
TV fechada | 20.016.438,43 | 18.530.352,58 | 21.710.427,94 | 13.749.253,97 | 1.313.493,50 | – |
Revista | 22.474.397,11 | 7.675.670,48 | 7.782.919,18 | 284.344,50 | 83.178,65 | – |
Jornal | 11.045.562,25 | 10.157.182,13 | 15.597.835,08 | 600.326,57 | 110.196,13 | – |
Rádio | 3.855.619,73 | 1.275.692,38 | 4.999.294,20 | 144.406,37 | 1.761.191,86 | 5.003.997,37 |
Internet | 31.658.764,71 | 16.488.081,09 | 33.231.829,26 | 23.374.697,68 | 14.205.645,61 | 12.641.956,07 |
Mídia Externa | 1.598.731,06 | 1.858.945,89 | 11.908.230,60 | 6.631.476,50 | 2.650.966,17 | 1.290.375,44 |
Cinema | – | – | 4.700.682,56 | 3.990.433,16 | – | – |
Produção | 7.200.106,29 | 7.700.647,65 | 10.851.350,50 | 9.135.298,18 | 4.428.450,96 | 1.250.272,59 |
TOTAL | 259.379.506,84 | 143.445.700,16 | 170.048.665,76 | 122.253.961,10 | 73.361.992,86 | 72.841.929,08 |
TV aberta domina a mídia
Segundo o levantamento, 72% da verba da Petrobras em 2020 foram investidos em TV aberta, um percentual 10% maior do que em 2015.
A segunda posição dos investimentos da Petrobras tem sido na internet, com 17,3% do total em 2020. A mídia ficou um pouco menos que os 19,3% de 2019, mas sensivelmente maior que os 12,1% que representavam em 2015.
No último ano, TV fechada, revista, jornal e cinema zeraram. Um choque quando se sabe que estas mídias já representaram 20,5% da verba em 2015.
Espera-se que até o final deste ano, ou no início de 2022, a Petrobras bote na rua novo edital de licitação para agências, de modo a ter suas próximas contratadas antes de junho daquele ano.
Como é praxe nos editais de governo, o parágrafo abaixo da definição da verba dirá que “a Petrobras se reserva o direito de, a seu juízo, utilizar ou não a totalidade do recurso previsto”.
E já que, nessa relação desigual, não dá para a agência botar no contrato que se reserva o direito de fornecer ou não a totalidade dos seus recursos, pelo histórico da Petrobras dos últimos anos, é bom as agências interessadas na conta lembrarem bem disso.
ATUALIZAÇÃO EM 18/01/2021
O site de transparência da Petrobras já disponibilizou a verba aplicada em mídia de janeiro a junho de 2021, que chegou a R$ 48 milhões, 66% do total de 2020.
A empresa continuou fora de TV fechada, Revistas, Rádio e Cinema. Em TV aberta, o investimento foi de R$ 38,2 milhões, 72% de tudo o que havia sido investido em 2020, o que permite supor que a verba anual superará o ano anterior.
LEIA TAMBÉM NA JANELA
• Propeg e DPZ&T ficam em primeiro na concorrência da Petrobras (em 22/02/2017)
• Petrobras estabelece disputa interna entre suas duas agências (em 22/03/2018)
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